12 de mar. de 2015

De: Para:

 Ninguém disse que seria fácil ver o passado reprisar como uma fita sendo rebobinada. Ninguém mencionou a dor que viria a dançar com salto agulhar no peito não calejado. Não, ninguém sabia. Minto! Eu soube... Tanto soube que a garganta apertada conseguiu e ainda consegue afogar o grito de socorro. Tanto soube que a respiração descompassou com os batimentos cardíacos. Tanto soube... que no final não conseguiu saber como agir. Na verdade nunca soube de nada. Apenas aprendeu a afogar-se na imensidão que é o sentimento do ser.
  Terrível não saber otário! Apego terrível que não se diz ser sábio. Ninguém sabe de nada nesse mundo! Nem Pablo que chorou as dores da America Latina sabia. Nem Guimarães que fez Miguilim sofrer. Nem Clarisse . Nem Cartola. Nem Chico. Nem meu cú, como diz Gulart, que também não sabia de nada.
 Por isso, por não saber nada, peço desculpas a mim mesma. Peço olhando nos meus olhos vendo a imagem da pouca força interna no espelho. Choro. Mas desculpo-me.
 Talvez eu mesma me convide para sair amanhã a noite. Talvez. Talvez eu mesma marque um encontro com o eu interior que ta aqui dentro escondido em um canto com medo de sair e assim se machucar mais. Amanhã irei comprar um presente e o darei para mim, assim simplesmente, como um gesto de eterno carinho. O encontro espero que seja bom, espero que renda alegrias e espero que me apegue sem medo dessa vez. Amanhã, talvez, eu tenha  o encontro da minha vida.Espero, não sei. Amanhã eu não sei de nada, nem ninguém.