29 de mar. de 2013

25.

 Da janela, uma fresta de luz escapou, iluminando parcialmente o quarto mofado.
 A dor de cabeça era pungente, e seus olhos brilhavam com um olhar de descrentes...
 A ressaca de fato não fora pontual.

Ninguém pensava nos goles enquanto engoliam doses repetidas de tequila.
Ninguém pensou na presença do gosto amargo do dia seguinte.
Ninguém pensava nas palavras ditas, enfatizadas mentiras.
Ninguém reparou nos amantes inventados que fediam a tabaco.
Nos bêbados nojentos que se diziam animados,saciados
Os quais foram saciados com os seus 25 anos amontoados.

25 anos e todas as chuvas com suas gotas corridas
25 anos e todas as faces admiradas servidas
 25 anos em muitas camas dormidas.
 25 anos parte de uma vida corrida
 25 anos desperdiçados
25 anos desgraçados
25anos contados
25anos amados
25 narrados
25.

4 de mar. de 2013

Uma questão de conjunto de dados sobre a posição e velocidade de um certo corpo

 Cansei das linhas mal traçadas, das retas tortas desenhadas que são movimentadas pela inércia maldita... Falo palavras bonitas, que alegram o mundo, que encantam pessoas, mas que não me dizem nada. Palavras cuspidas  em uma trajetória retilínea intersectada por dois pontos não-alvos, por variações de tempos irrelevantes, com sua variação de espaço abundante...
 Quero linhas novas, nunca traçadas. Frases nunca ditas, mas entendidas.  Quero colar imagens despedaçadas já vistas de sonhos. Uma artesã bem treinada, uma artista conquistada, uma folha apagada. Uma caneta cristal conectada ao papel que agora desenha suas linhas bem desenhadas, com retas bem traçadas, com as curvas mais abstratas, com a noite atordoada, e a cama mal dormida. Com a lua sorrindo a me convidar para ser  "aquela que quis, mas não fez, que quer e vai fazer. Hoje."   Com a minha trajetória progressiva retardada... A vida é curta, e acelerar só vai à encurtar mais...