20 de set. de 2011



Podemos julgar realmente o que é certo ou errado?
Tentei mostrá-lo o que era certo, ou melhor, o que EU achava ser que era.
Sempre o avistava sentado no mesmo banco, observando tudo com tremenda serenidade. Sim, queria ajuda-lo, mostrar que não estava sozinho. Mas o que poderia eu fazer se me encontrava mais amedrontada que ele?
Sempre o vi calmo, ás vezes parecia um adulto e eu uma mera criança.
Naquela época o medo, o desespero, a magoa, a tristeza...Isso tudo me consumiu, o rompimento me atingiu.
Ainda me lembro claramente da noite em que isto ocorreu, a lua não brilhava, havia poucas estrelas, estava frio. Encontrava-me em casa, na época ainda criança, estava deitada assistindo TV, quando chegou a terrível noticia. De inicio foi difícil assimilar cada palavra, mas aos poucos tudo fez sentido e quando me dei conta estava gritando desesperadamente, me derramando em lagrimas, estava tremendo, desacreditada. Meu chão havia se consumido, minha infância acabada...
Logo depois que o mensageiro saiu, um anjo mais velho veio ao meu encontro e abraçou-me fortemente, chorou junto a mim, e com doces palavras falou-me através de seus soluços: "Sei que é difícil, mas temos que ser fortes, temos que   juntar nossas forças, e continuar seguindo em frente...
E foi o que fiz.
Mas nesse momento havia outro anjo, um mais novo, que estava em outro quarto adormecido serenamente. Minha total preocupação se voltou a ele. Como será que reagiria ao saber da noticia? Será que iria abalá-lo muito?
O anjo mais novo a ouviu com sabedoria, e permaneceu calado. Sim, como disse parecia um adulto, apesar da pouca idade que tinha. Eu acreditava que não sofria, alias, todos acreditávamos isso. Eu achava que não sentirá diferença, mas me enganei. Fui tola ao pensar que não sentirá. Ele o sentia mais que todo mundo, mas não demonstrava, era forte, não chorava, e isso o dilacerava.
Os outros não percebiam. Ele havia mudado se calará mais, se tornara mais sereno, mais adulto, sua infância fora mutilada, suas esperanças despedaçadas... Mas seu afeto e amor sempre continuou o mesmo, era muito apegado a mim, acredito que eu fora seu porto seguro. 
Apesar de nunca demonstrar os sentimentos presentes nele, eu percebia em seus olhos, o amor, o carinho, a alegria que sentia quando estava perto de mim e do anjo mais velho, não posso negar,também sentia o mesmo. Sempre que estávamos juntos, era como se nada tivesse acontecido, era como se a alegria brotasse e nunca morresse, era como uma montanha. 



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