Ouvir o ruido estridente do radio do vizinho em momentos como aquele não se era apropriado, até porque a música tocada era inevitavelmente Comptine d'Un Autre Été. Ironicamente Yann Tiersen e o vizinho eram duas coisas que não se combinavam... A TV ligada, a sala fria, e a fumaça que subia junto com seu o aroma de cólera, causavam uma impressão desgostada. Então, apenas fechou seus olhos e sonhou...
...Assim voou. Voou tão alto que mal conseguiu ver o chão, subiu e subiu até não mais poder descer, e riu como nunca rira, e viveu como nunca vivera. O desgosto da vida sumiu. E ela sabia. Sabia qual era a dança que a sua alma acompanhava. Suavemente e delicadamente. Com pensamentos que surgiam e se alimentavam um dos outros. Incompreendidamente, tragicamente, amavelmente. Que foram se encontrando em sua imaginação mutua, corriqueira e tardia demais para o acaso.
E mesmo assim, discretamente sonhou, voou e viveu. Desceu assim que acordou. Sorriu, olhou, tragou e nunca se esqueceu, da vida liberta e voadora que experimentou e sonhou, que não mais desgostou...
Lendo pela terceira vez. Quanta profundidade! Aceitas um fã?
ResponderExcluirAceito com muita honra!! Até porque se trata de um dos escritores que eu mais admiro!
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