4 de out. de 2014

Vai..

 Não, não me olha com essa cara de que já sabia o que iria acontecer. Tudo bem, você já sabia, mas não esfrega isso não, me incomoda. É ruim olhar para o espelho e ver você me esfregando essas verdades baseadas em certezas obtusas. Babaquice! Esquece, passou, como você mesma disse "o tempo passa"... então, espera que acaba, ou não. Ridículo! E você aí do canto, tira esse sorriso sarcástico da boca, despe-se dessa roupa de "pessoa boa", pode até ser uma, excelente até, mas não, não foi para mim. Qual éh! Esquece, larga esse passado que não nos foi generoso, deixa de lado essa teoria ridícula e mal escrita. Não me toca, não me veja, e nem fale comigo. Os choques do passado não quero mais! Já foram bastantes, e dessa vez ta foda. Então me deixa, deixa a do espelho também e vai ser feliz com sua geometria de formas não bem escritas das nossas vidas. Vai e me deixa aqui pensando na minha patologia barata, me deixa refletir sobre o caos da não sociedade preparada para ser sociedade. Foge e me larga aqui jogada ao meio de descobertas descrentes filosóficas, mergulhada em Platão e sua teoria revolucionária politica, em Lévi- Strauss e sua antropologia estrutural, me deixa mergulhar de cabeça em minhas pesquisas, e não, não desfoca minha atenção, apenas vai, assim bem de mansinho, para que meu cérebro não sinta a sua ausência e a sua não importância com o acaso. Vai, de leve, mas vai embora e me deixa com a falta de aviso da vida continua que me cerca, quem sabe assim, um dia, a presente no espelho saiba avisar com antecedência minuciosos passos dados em falso tom e nota. 

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